quinta-feira, 23 de abril de 2009

A CRUZ - CAPITULO CINCO - A PALAVRA DA CRUZ


Continuaremos o assunto do capitulo quatro.


Nosso pensamento em geral é que estamos muito desejosos de dar a Cristo nossas coisas más, sujas, pecaminosas e satânicas e tê-las pregadas na cruz com Ele. Estamos muito dispostos a livrar-nos das coisas más do ego. Entretanto, nosso problema freqüente é que achamos que deveríamos manter as coisas boas do ego. Na visão de Deus, o ego está totalmente corrompido e é afetado profundamente pela queda de Adão. De acordo com Deus, Ele não pode curar a vida do ego nem melhorá-la. Não há outra maneira senão crucificá-la com Cristo.
O mundo está disposto a deixar que tudo se vá e até mesmo se dispõe a sacrificar seu próprio dinheiro e tempo; contudo, encontra muita dificuldade em negar o ego e em crucificá-lo. Sempre consideramos que o ego não é de todo mau. Esse é o ponto de vista humano. É claro que o homem natural não tem a intenção de preservar somente sua bondade. Entretanto, inconscientemente e involuntariamente, ele preserva o lado bom do ego e leva à morte o lado mau. Pouco nos damos conta de que o ego ou está totalmente vivo ou totalmente morto. Se a parte boa do ego é mantida viva, não há garantia de que a parte má do ego esteja morta. Portanto, os crentes têm uma lição séria a aprender aqui. Eles devem estar dispostos a crucificar com Cristo tanto a parte boa como a parte má de seu ego. O ego natural de muitas pessoas é honesto por nascimento. Alguns são muito pacientes, outros são amáveis. É muito difícil para essas pessoas levarem todo o seu ego à morte. No subconsciente, eles mantêm sua honestidade, paciência e amor, e deixam que as outras coisas erradas sejam crucificadas com o Senhor. Esses crentes devem aprender de Deus a perceber que eles mesmos não são confiáveis. Somente então submeter-se-ão ao Senhor. Podemos aprender uma lição de Pedro nesse ponto. Antes de experimentar a morte e ressurreição de Cristo e o preencher do Espírito Santo, Pedro verdadeiramente pensava que seu amor pelo Senhor fosse correto. Entretanto, sua promessa de “morrer com o Senhor” foi cumprida? A falha de Pedro foi causada pela total confiança em si mesmo; ele confiou em sua própria bondade. Contudo não percebeu isso. Afinal, é difícil perceber o ego. Devemos confiar na avaliação que Deus faz de nós e colocar nosso ego na cruz.
Se considerarmos a avaliação de Deus sobre o mundo, ficaremos mais seguros desse fato. Deus disse: “Não há justo, nem sequer um” (Rm 3.10). Para o mundo, realmente não há nenhum justo? Existem uns poucos justos de acordo com o ponto de vista do mundo! O motivo de Deus considerar nenhum justo é que toda justiça deles é produzida por eles mesmos. O ego é profundamente cultivado pela natureza de Adão. “Acaso pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargo?” (Tg 3.11). O homem pensa possuir aquilo que o mundo aceita como justiça. Contudo, “desconhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus” (Rm 10.3). Os que se acham justo não são justos. Eles também são pecadores e destinados à perdição. Somente os que receberam toda a pessoa do Senhor Jesus são justos.
Podemos examinar outra porção da Palavra que diz-nos como a bondade da vida do ego deve ser levada a morte antes que alguém possa produzir bons frutos. Essa passagem, entretanto, trata mais da vida do ego do que propriamente com o ego.
“Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto” (Jo 12.14). Aqui o Senhor está falando aos que Nele crêem. Essa é a razão de essa palavra ser um chamamento. “Se alguém me serve, siga-me” (Jo 12.26). Após dizer essas palavras, Ele não nos deixou em trevas, mas continuou explicando: “Quem ama sua vida [no original, sua vida da alma], perde-a [i.e., na eternidade não produz fruto], mas aquele que odeia a sua vida [no original, sua vida da alma] neste mundo, preservá-la-á para a vida eterna [no original, a vida espiritual].” O ensinamento aqui é que a vida do ego deve ser levada a morte.
A vida é muito preciosa. Pode-se sofrer a perda de tudo, menos da vida. Contudo, aqui está um chamamento para perdemos nossa vida. Nossa vida do ego foi-nos concedida pelo nascimento; é legitima e é boa. Contudo, aqui o Senhor requer que a levemos à morte.
Que é essa vida? É uma vida natural, uma vida que temos em comum com todos os animais, uma vida com mobilidade. Nosso intelecto, amor e emoções são todos dominados por essa vida. Cada habilidade do nosso corpo é controlada por essa vida. Apesar de não ser errado exercitar nosso intelecto, amor e emoções, essa vida dominante, essa vida que provem do nosso nascimento natural, não é uma vida espiritual. A menos que a vida espiritual se torne a expressão e a força motriz de todas as habilidades dos crentes, um crente “perderá” sua vida, isto é, ele nunca produzirá fruto.
Essa vida do ego é bela e atrativa. Nosso Senhor utiliza o trigo como ilustração. A casca de um grão de trigo é muito atrativa. Sua cor é dourada. Embora seja belo, ele é inútil se permanecer meramente como um grão. Ele deve ser separado (ou ir junto) de seus companheiros e cair na terra – um lugar escuro, oculto e de sofrimento – e morrer ali. Quando morre, ele perde sua beleza e tudo o que tem. Não será mais um objeto de admiração do homem como antes.
Se verdadeiramente estivermos dispostos a morrer, e se realmente morremos, perderemos os muitos elogios do homem. Nossa beleza natural será destruída. Primeiramente, poderíamos ter tido a inteligência de apresentar muitos novos argumentos e teorias. Quando o ego morre, temos de aguardar pela direção e liderança do Senhor, e não ousamos depender mais de nossa própria inteligência. Antes podíamos ter tido amor e ter amado a muitos. Podíamos motivar-nos a amar o Senhor. Quando o ego morre, teremos de deixar o amor do Senhor amar por meio de nós, e teremos de permitir ao Espírito Santo permear nosso coração com o amor do Senhor. Não ousaremos ser motivados pelo nosso amor natural. Antes podíamos ter tido emoções e podíamos estar jubilosos, irados, tristes e alegres à vontade; podíamos ter comunhão com o Senhor por intermédio de nossos sentimentos e podíamos sentir Sua alegria. Com a morte do ego, teremos de deixar o Senhor controlar nossas emoções. Ficaremos alegres quando o Senhor estiver alegre. Ficaremos tristes quando o Senhor estiver triste. Teremos de deixar o Senhor ter liberdade em nós. Mesmo que por vezes percamos o sentimento do Senhor, ainda teremos de permanecer fieis e não mudaremos nossa atitude. Não ousaremos mudar por causa das emoções. O que antes nos parecia proveitoso será considerado como perda por causa de Cristo. Ao morrermos com o Senhor para o pecado, abandonamos as coisas ilícitas. Ao sermos crucificados com o Senhor para o ego, abandonamos as coisas licitas. Esse, sem duvida, é um passo difícil de dar. Estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela.

Que tipo de morte é essa? Pergunta que responderemos no capitulo de numero seis.

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